Os 75 anos de libertação de Auschwitz
Não podemos nem devemos esquecer um dos marcos mais negros da história da
Humanidade – O Holocausto.
Quando a 1 de setembro de 1939, as forças armadas alemãs, comandadas por Adolf Hitler,
invadiram a Polónia, ninguém imaginaria o que a seguir iria acontecer. A guerra durou
até Maio de 1945, mas as feridas, a dor e a revolta durarão para sempre.
Assinalou-se em 2019, a passagem dos 75 anos da libertação de Auschwitz, onde durante
cerca de 6 anos, as Forças Armadas da Alemanha mantiveram em cativeiro milhares de
pessoas, sobretudo judeus, vítimas do nazismo.
Desde 1996 que o dia 27 de janeiro se tornou a data que lembra e homenageia todas as
pessoas, torturadas e mortas nos campos de concentração criados por Hitler. Dia
Internacional da Memória das Vítimas do Holocausto.
A importância de relembrar este dia, esta data e este período da história da Humanidade serve para que cada um de nós imagine toda a dor ali sofrida e para que todos os dias, cada um de nós se lembre de quão violento, agressivo e opressor pode ser o Ser Humano, quando tem demasiado poder depositado em si.
No capítulo em que África fez parte da história da Segunda Guerra Mundial
Desconhecido por uma boa parte da população, ficou o capítulo em que mais de um
milhão de soldados africanos participaram nos combates da II Guerra Mundial e deram o
seu contributo para pôr termo ao fascismo, na Europa. Poucos sobreviveram e, tal como
as memórias foram-se desvanecendo entre os parágrafos dos livros.
Quando em 1939, os aliados (França e Grã-Bretanha) declararam guerra à Alemanha,
foram recrutados “à força” nas colónias, meio milhão de soldados e operários africanos.
Que não só combaterem contra a Alemanha e Itália, em África, como também contra os
japoneses, na Ásia e no Pacífico.
E, segundo reza a história Hitler também tinha planos para África, que incluíam criar um
império colonial. Quando chegou ao poder, em 1933, a Alemanha já não tinha colónias.
Estas tinham sido divididas entre os vencedores da I Guerra Mundial, Reino Unido,
França e Bélgica. A África do Sul passou a governar a Namíbia.
Muito embora, não fosse África o caminho para o seu domínio, um ano depois de assumir
o poder, Hitler criou o seu próprio departamento de política colonial – o
Kolonialpolitisches Amt com a intenção de reaver as suas colónias de volta, de olho nos
lucros que podia fazer em África – Um mercado novo e rico em matérias-primas e
recursos naturais.
Com a resistência da União Soviética (1943), o recém-criado departamento de política
colonial alemão foi extinto e, dois anos mais tarde, a Alemanha perdia a II Guerra
Mundial.
Yolocaust – uma sátira a quem visita um memorial de guerra
Shahak Shapira é um artista, comediante, autor e músico, alemão de origem israelita que
decidiu criar um projeto onde questiona o comportamento das pessoas que visitam o
Memorial dos Judeus mortos durante o Holocausto.
Após uma longa pesquisa, fez montagens em Photoshop, colocando as fotografias originais de judeus mortos no campo de concentração de Auschwitz, como se quem tirou selfies em cima de túmulos, e nas várias zonas de possível visita desse mesmo memorial. As fotografias ficaram chocantes, quase reais como se os turistas estivessem a espezinhar as vítimas ou a partilhar espaços de tortura com as mesmas. O projeto tornou-se um sucesso e as fotos virais. O seu único objetivo era fazer as pessoas entenderem que os seus comportamentos não estavam corretos.
E explica o projeto assim:
“Querida Internet,
na semana passada lancei um projeto chamado Yolocaust, que explora a nossa cultura
comemorativa de combinar selfies tiradas no Memorial do Holocausto, em Berlim, com
pegadas nos campos de extermínio nazis. As selfies foram encontradas no Facebook,
Instagram, Tinder e Grindr e os comentários, hashtgas e likes encontrados junto delas.
A página foi visitada por mais de 2,5 milhões de pessoas. O mais incrível do projeto foi ter
alcançado as 12 pessoas cujas selfies foram publicadas. Quase todos compreenderam a
mensagem, pediram desculpa e comprometeram-se a apagar as fotografias dos seus perfis
do Facebook e Instagram.
Além disso, recebi um enorme retorno de vários pesquisadores
sobre o Holocausto, pessoas que já trabalharam no memorial, pessoas que perderam
familiares durante o Holocausto, professores que querem usar o projeto em aulas, e
pessoas más que mandaram fotografias de amigos e familiares para eu adaptar ao
Photoshop. Podem ver o feedback que eu tive. Mas a resposta mais interessante, veio de
um jovem rapaz também fotografado com Photoshop, na primeira foto deste projeto a
saltar em cima de um túmulo de judeus mortos. Mandou-me um email que penso ser uma
boa forma de acabar este projeto”:
“Eu sou o tipo que te inspirou a fazer o Yolocaust, pelo menos li. Eu sou o que salta em…
eu nem consigo escrever, fico doente só de olhar. Não quis ofender ninguém. Agora,
continuo a ver as minhas palavras nos cabeçalhos e títulos. Eu vi que tipo de impacto
aquelas palavras têm e é de loucos e não era o que eu queria. A fotografia foi para os
meus amigos como uma piada. Eu estou agora a deixar de fazer piadas online, piadas
estupidas, piadas sarcásticas. E eles entenderam. Se me conhecesse, também entenderias.
Mas quando é partilhado, e chega até estranhos que não têm ideia de quem eu sou, eles
apenas vêm alguém a desrespeitar alguma coisa importante para outra pessoa ou para
eles mesmos. Essa não foi a minha intenção. E peço desculpa. Verdadeiramente. Com
isso na cabeça”
Dá que pensar e fazer-nos não perder o respeito pelo próximo.
By Rita Simões